Centrão deve ficar fora da reeleição de Lula, mesmo com 11 ministérios

Apesar de ocuparem 11 ministérios, os partidos do centrão não fazem parte dos planos de reeleição do presidente Lula (PT). Essa é a avaliação do líder da maioria no Senado Federal, Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB).

Aliado do petista, ele diz não ter dúvidas de que siglas como União Brasil, PP e Republicanos não subirão ao palanque do governo em 2026.

“Não é fato novo, é sabido (que as siglas não defenderão a reeleição de Lula). Qual a dúvida? Legitimamente, cada partido busca os seus espaços. O que não é legítimo é que façam a opção de estarem no governo mas não sejam honestos em relação à defesa da gestão. Mas não tenho dúvidas de que o Republicanos não votará na reeleição do presidente Lula, assim como PP e União Brasil também não votarão. Essa é uma situação que o governo já sabia, porque está claramente exposto desde o ano passado”, analisou Veneziano, em entrevista ao podcast Direto de Brasília, apresentado por Magno Martins.

Para o senador, o erro do governo Lula teria sido na “correção de rumos”, mantendo partidos com assento na Esplanada dos Ministérios que não fazem a defesa da gestão.

“A correção de rumos é que não foi feita devidamente, no sentido de saber com quem você pode contar”, completou.

Veneziano descarta uma eventual federação entre seu partido e o Republicanos, como chegou a ser ventilado no meio político. “Acho que não acontecerá, por uma razão bastante lógica. Existe no MDB uma participação majoritária de quem defende a continuação do governo atual. E a esmagadora maioria do Republicanos tem a tendência de direita, sendo contrário ao presidente Lula. Logo, como se faria esse arranjo para a eleição nacional, e como ele se estenderia nas eleições estaduais? Por isso, não creio”, afirmou o senador, se dizendo mais afeito a uma combinação com o PSDB ou com o Podemos. “Mas isso é uma condução que cabe ao presidente nacional, Baleia Rossi”, completou.

O senador fez elogios ao atual vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), mas não descarta que seu partido possa, caso surja o momento, pleitear a vaga na chapa de Lula.

“Sejamos justos, Alckmin foi muito importante, foi fundamental na eleição do presidente Lula. E tem sido um grande aliado, um grande colaborador, tem produzido resultados efetivos para a indústria no ministério. É digno de todo o nosso reconhecimento. Se mais adiante o MDB puder postular uma presença na chapa majoritária, caso surja essa situação, não vou negar que tenhamos nomes a sugerir. Mas não é um tema que vem sendo tratado”, ponderou Veneziano.

Clima ruim 

Sobre o clima ruim entre governo e Congresso, após a derrubada do decreto do IOF, o parlamentar defendeu a iniciativa do presidente de ingressar no STF (Supremo Tribunal Federal). Veneziano ressaltou que o Legislativo quebrou um acordo costurado entre os poderes.

“O governo tem a legitimidade de questionar o comportamento do Congresso. E vai recorrer a quem? Ao STF. Temos que ter calma, vamos entender os dois lados de forma madura. Não há confronto estabelecido. O que o governo quer propor e está a fazer é buscar a justiça tributária. Como podemos ter R$ 800 bilhões de renúncias tributárias? Isso é inconcebível”, colocou Veneziano.

“Houve uma reunião na residência oficial da Câmara, e depois de seis horas saiu um acordo. Seria apresentado um novo formato de decreto, com as lideranças das duas Casas concordando. E, para a surpresa do governo, veio a votação do projeto de decreto legislativo, gerando uma insatisfação e uma frustração”, completou.

Para Veneziano, o clima hostil tende a continuar devido ao calendário eleitoral. Porém, segundo ele, é preciso perseverar. “Sabemos que esse é o cenário, não é novo, foi posto desde o momento que o governo se instalou, elegendo o presidente mas não fazendo a maioria no Congresso. Temos uma oposição desejosa de atacar o governo com propósitos dos mais variados. Penso que o governo haverá de poder gozar de uma situação mais estável com os resultados, com as entregas. Quando a sociedade puder constatar e responder favoravelmente, isso gerará uma pressão contra o Congresso. Esse recado haverá de chegar”, concluiu o senador. (Com agências nacionais)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *